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A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL NA INGLATERRA

A Revolução Industrial

Chamamos de Revolução Industrial o conjunto de mudanças ocorridas na produção de mercadorias e no modo de viver das pessoas na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII, e que se expandiu para outros países no século XIX.

Conforme escreveu o historiador inglês Eric Hobsbawm:
“A Revolução Industrial assinala a mais radical transformação da vida humana já registrada em documentos escritos. Durante um breve período ela coincidiu com a história de um único país, a Grã-Bretanha. Assim, toda uma economia mundial foi edificada com base na Grã-Bretanha, ou antes, em torno desse país, que por isso ascendeu temporariamente a uma posição de influência e poder mundiais sem paralelo na história de qualquer país com as suas dimensões (...)”. In: HOBSBAWM, Eric. Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo. 5 ed. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 2003. p. 13.
Para compreendermos esse conjunto de mudanças, é importante perceber como as pessoas produziam aquilo que precisavam antes da Revolução Industrial.

- O artesanato

Durante a Idade Média predominou o artesanato, uma forma de produzir coisas, ainda comum em muitos lugares do Brasil.
Na produção artesanal, todas as tarefas são desenvolvidas (quase sempre) pela mesma pessoa.
Veja o exemplo do sapato: o artesão (sapateiro) inventa os modelos, corta o couro, costura-o, cola-o e faz o acabamento. Este artesão até pode ter pessoas o auxiliando, mas conhece todas as fases da produção. Normalmente trabalha em cômodo da sua própria casa e, desse modo, pode decidir quantas horas trabalhar – quando começar, quando parar para descanso, quando exceder nas horas de trabalho. Em suma, o artesão pode controlar o seu tempo.

- A manufatura

A manufatura surgiu quando os comerciantes europeus perceberam que deviam produzir mercadorias, pois a população da Europa cresceu consideravelmente e também os seus produtos poderiam ser enviados para a América, África e Ásia (continentes que os europeus haviam colonizado).
Aqueles comerciantes que tinham mais posses – isto é, dinheiro – reuniram homens, mulheres, jovens e crianças para trabalhar nas oficinas e fabricar produtos. Os donos dessas oficinas forneciam a matéria-prima e pagavam aos trabalhadores uma certa quantia pelo trabalho realizado.
Desse modo, na manufatura, o trabalhador não é dono dos meios de produção (oficina, ferramentas etc.) e existe uma divisão do trabalho (cada pessoa desempenha uma tarefa na produção).
Todos os equipamentos são manuais, ou seja, devem ser manejados pelos trabalhadores para funcionar.
É com a invenção e utilização das máquinas nas primeiras fábricas que se iniciaram as mudanças que caracterizam a Revolução Industrial: cada máquina substitui várias ferramentas e realiza o trabalho de diversas pessoas. Mas as fábricas, mesmo equipadas de máquinas, precisam de trabalhadores para “auxiliá-las” na produção das mercadorias. Assim surge o trabalhador assalariado, ou seja, as pessoas que foram trabalhar nas fábricas em troca de um salário. Assim surgem, portanto, patrões (donos das fábricas) e empregados (trabalhadores das fábricas).
A máquina a vapor, aperfeiçoada na década de 1760, foi um invento dos mais importantes para o desenvolvimento da Revolução Industrial. Isto porque o uso do vapor como fonte de energia possibilitava substituir as energias muscular, do evento e a força da água por uma energia mecânica.

O pioneirismo inglês

Foi na Inglaterra onde se desenvolveram as primeiras máquinas a vapor e, portanto, onde surgiram as fábricas, com suas chaminés lançando canudos de fumaça e poluindo o ar.
Veja alguns fatores que determinaram o pioneirismo inglês no processo de industrialização:
-O acúmulo de capitais (riquezas, dinheiro) conseguido através da expansão marítimo (lucros do tráfico de escravos, pirataria e exploração de colônias);
-A Revolução Inglesa do século XVII, que eliminou os entraves feudais e permitiu o avanço capitalista no campo (cercamentos, isto é, expulsão dos camponeses das terras para usá-las como pastagens, para criação de animais como cavalos e/ou ovelhas);
-Os avanços tecnológicos experimentados pelos ingleses, como a mencionada invenção da máquina a vapor e, posteriormente, o desenvolvimento dos meios de transporte (ferrovias);
-O desenvolvimento da metalurgia, indispensável à fabricação de máquinas, trilhos de ferro etc.;
-A existência de reservas de carvão e ferro, tão necessários para o funcionamento das fábricas;
-A mão-de-obra com fartura e também barata, uma vez que milhares de camponeses tiveram que deixar o campo e partir para as cidades, devido aos cercamentos.

As fábricas e os operários:

As condições gerais de trabalho nos primeiros tempos da Revolução Industrial não eram agradáveis. Leia o texto abaixo, de autoria do historiador inglês William Henderson, que permite uma melhor compreensão dessa situação vivida pelos trabalhadores:
“A Revolução Industrial teve consequências dramáticas para todos os grupos de trabalhadores. Os operários nas fábricas, os mineiros nas minas de carvão, os artífices nas suas oficinas e os camponeses na terra tinham que se ajustar a um modo de vida inteiramente novo. Muitos entravam nas fábricas com muita relutância. (...) Os males sociais das fábricas, das cidades fabris e das mineiras e as tragédias dos trabalhadores domésticos agora desempregados estavam entre os primeiros aspectos da ordem que requeria a atenção dos reformadores.
Muitos operários das primeiras fábricas ficavam em completa dependência dos seus novos patrões. Nos princípios do século XIX, um mineiro de Durham ou um oleiro de Staffordshire que tivesse assinado um contrato por um ano e vivesse numa choupana da firma estava completamente à mercê do patrão. Havia outros modos dos patrões dominarem os operários. Em certos distritos industriais era vulgar homens receberem salários antecipados e assim caíram em débito permanente.
Os operários das fábricas e das minas não estavam sob o poder dos patrões como sob o poder público. Era-lhes proibido juntarem-se em sindicatos obreiros, fazer greve ou emigrar. (...)
Os trabalhadores achavam, pois, difícil adaptar-se à disciplina imposta pela fábrica. No passado, os artífices e os camponeses trabalhavam muitas horas, mas podiam descansar de vez em quando. iA máquina cruel, contudo, precisava de atenção constante. A pontualidade e a rigorosa atenção ao trabalho eram reforçadas por multas e pela ameaça de demissão. (...)
As queixas mais sérias dos operários das fábricas e das minas referiam-se às excessivas horas de trabalho, salários baixos, multas, e ao sistema de permuta segundo o qual os patrões pagavam em gêneros e não em dinheiro. Os homens, mulheres e as crianças trabalhavam doze horas ou mais por dia e estavam geralmente exaustos quando regressavam a casa. Visto a certos patrões interessar que as máquinas trabalhassem continuamente, introduziram-se turnos noturnos em algumas indústrias. O número de dias de trabalho no ano aumentava. Por vezes o domingo era de trabalho também, apesar dos protestos das Igrejas. Nos distritos onde os aprendizes costumavam ter as segundas-feiras livres, os patrões faziam o possível por abolir esse hábito. E, nos países católicos, os dias santos eram gradualmente reduzidos nas fábricas. Além disso, após a Revolução Industrial, um operário tinha às vezes de percorrer uma considerável distância à pé para chegar à fábrica, enquanto sob o anterior sistema doméstico trabalhava em casa.”